Sim, o trabalho enobrece o homem e a mulher. Porém, o dia-a-dia trabalhístico cada vez mais se assemelha a um ritual de tortura. Quem não sofre da “síndrome de segunda-feira”, que atire a primeira caixa de clipes.
Tudo começa muito bem, a satisfação por ter passado numa seleção difícil. Você se sente acima dos demais mortais, afinal de contas, foi selecionado por um RH, que na vida adulta, descobre-se, é também um setor responsável por você trabalhar e não somente aquela “paradinha” do sangue.
O primeiro dia de trabalho é a consagração de seu esforço durante 4, 5 ou 6 anos numa faculdade para conseguir o tal diploma que, sem ele, você não chega a lugar nenhum na sociedade contemporânea dos dias de hoje na atualidade. Claro que muita gente começa a trabalhar antes, o que só aumenta nossa compaixão por estes seres humanos.
Mas voltando a nossa “crônica de uma morte anunciada”, após uma semana, começam a aparecer as primeiras fissuras na sólida base que constitui o relacionamento você – seu trabalho.
Você descobre que o colega do outro setor é um tanto quanto malicioso em seus comentários, por exemplo.
Após um mês vem a descoberta de que a expressão “fulano é de lua” é perfeita para descrever os humores de seu chefe. Um dia você, lacaio que vende cerca de oito horas de seu dia em troca de alguns reais, tem idéias brilhantes, é um membro importante da equipe e sua postura pró-ativa é muito bem vista pelo alto escalão da empresa. No outro, você só tem idéia cretina e vive se metendo onde não é chamado.
Doze meses após o início desta singela união, você torce pela sexta-feira e domingo à noite, chora ao lembrar que na manhã seguinte é segunda-feira.
Tudo isso poderia ser evitado se você, ao invés de escolher determinada carreira porque dava dinheiro, tivesse escolhido aquele curso para o qual todo mundo torcia o nariz, mas era o que despertava verdadeira paixão.