Esqueça os sutiãs queimados em praça pública. As manifestações por igualdade de direitos. Ou o longo caminho trilhado para que hoje as mulheres possam votar, ocupar cargos de chefia, serem respeitadas no trabalho.

Esqueça também as 129 trabalhadoras de Nova Iorque que morreram carbonizadas numa tecelagem durante uma greve em que protestavam por melhores condições de trabalho.

Aquele 8 de março de 1857 parece ficar cada vez mais distante de seu significado.
Em vez de um dia de reflexão para se discutir os aspectos mal resolvidos da condição feminina, o Dia Internacional da Mulher caminha para se tornar uma comemoração açucarada em que eventos de cosmética, palestras sobre strip-tease (no estilo “desperte a deusa lasciva que existe em você”) e mensagens melosas dão o tom da data.

Muito se conquistou nas últimas décadas, é verdade, mas a mulher que se libertou das pressões da igreja e de conceitos pouco lisonjeiros como os de Schopenhauer (“mulheres são seres de cabelos compridos e idéias curtas)”, hoje vive presa a uma imagem de perfeição e sucesso. Além disso, recebe salários mais baixos que os homens. E para algumas, a violência doméstica ainda é uma cruel realidade.

Em Burkina Faso, na África, a excisão (mutilação dos genitais femininos) é praticada, apesar de proibida por lei.

No Brasil, adolescentes e, algumas vezes, crianças, são exploradas sexualmente.

O caminho até aqui foi longo, difícil. As conquistas foram grandes, mas ainda há muito a ser feito. Não só por nós, mulheres, mas para todos os seres humanos. Por um mundo em que ser mulher ou homem não faça diferença diante das oportunidades. Que ser branco, negro ou amarelo não abra ou feche portas. Que ser hetero ou homossexual não limite relações. Um mundo em que todos nós possamos nos manifestar e participar. Numa sociedade de todos, para todos.
Este texto também está publicado na coluna das Desassistidas no site da Rádio Criciúma. Por falar nisso, hoje tem Desassistidas no Ar! A partir das 22:30h, AQUI!

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